Desde final de 2008 que tenho colaborado mensalmente com a Sportlife. No Outside relato as minhas aventuras pelo nosso maravilhoso país e passarei também a partilhá-las convosco aqui. Às vezes colocarei aqui qualquer outro passeio que realize. Gostaria muito que me dessem a vossa opinião, se fizerem algum desses passeios ou simplesmente se vos der vontade disso. Digam-me que mais informações gostariam de ver publicadas nos nossos artigos.

Estarei à vossa disposição para qualquer dica extra que precisarem para fazer alguma destas aventuras ou outras.

Espero que gostem e se aventurem!

Filipe Palma

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Abr 09 - Na Rota dos Grifos





Aproveitei o Carnaval deste ano para conhecer um pouco da Beira Baixa. Fui para Proença-a-Nova preparado para caminhar e andar de bicicleta. Por aqui, apenas tinha passado na auto-estrada a caminho do Norte. E, o que à chegada me parecia um território relativamente desinteressante revelou-se, ao contrário, uma zona cheia de opções apelativas para quem gosta de se mexer na natureza.





Na casa de turismo rural, onde fiquei com família e amigos (ver caixa), havia várias sugestões de passeios pedestres, de BTT e de carro. Escolhemos para um dos dias uma caminhada ao longo dum desfiladeiro que acompanha parte do Rio Ocreza e Ribeira do Alvito. Íamos motivados pela possibilidade de nos cruzarmos com algum dos 12 casais de grifos que nidificam nestas escarpas.





Partimos de Sobral Fernando, a 14 km da nossa base em Oliveiras e a 23 km de Proença-a-Nova. Na parte mais baixa desta pequena aldeia encontra-se um placard explicativo do passeio sugerido. A partir daí, o percurso está bem indicado com os sinais de Pequena Rota (PR). Subimos por Sobral Fernando acima e, ao fundo, virámos à esquerda deixando o povoamento para trás. Cerca de 70 metros mais à frente virámos na primeira à direita e passados outros 50 metros novamente à direita. Continuámos sempre a subir pelo caminho de terra batida, por mais 150 metros e, entrando na área florestal dominada por pinheiros bravos virámos à esquerda para cima. Passados cerca de 50 metros encontrámos uma bifurcação e seguimos pela direita. A partir deste local a orientação é muito fácil pois apenas temos que seguir o caminho principal. Este é o aproveitamento de um estradão e, embora o fizéssemos a pé também poderíamos ter escolhido a bicicleta de montanha. Nesse caso, ao invés de um passeio fácil, teríamos um de dificuldade média.




As paredes rochosas abundam nesta área e é onde os grifos, uma espécie de abutre, constroem os seus ninhos a partir dos quais se lançam nos seus voos majestosos aproveitando as térmicas para se elevarem aos céus. E assim, a meio do dia, que estava bastante quente para a época do ano, finalmente avistámos vários exemplares destas aves que podem atingir dois metros e meio de envergadura. Os grifos põem o seu único ovo no final de Janeiro e, até as crias realizarem o seu primeiro voo, poderão decorrer quase seis meses. Esta é a razão pelo qual, entre Janeiro e Junho, é interdito escalar nestas vertentes rochosas pois a escalada é também uma aliciante desta zona. Em Portugal, além dos Parques Naturais do Douro Internacional e do Tejo Internacional, aqui é onde se podem avistar esta espécie de aves.





Acompanhámos o rio Ocreza, um afluente do Tejo e encontrámos vários placards explicativos da natureza à nossa volta, quer seja da fauna ou da flora. A lontra encontra-se nas águas bastante límpidas do Ocreza enquanto que a cegonha preta, cujas rotas migratórias são as mesmas que os grifos, prefere os penhascos de difícil acesso. Não avistámos nenhuma destas espécies mas ficámos a saber da existência aqui. Lá em baixo, os pequenos rápidos que conseguimos ver do caminho, sugeriam boas condições para a canoagem. As margens altas, inclinadas e rochosas fazem deste um rio bastante bonito. A partir dos cerca de 2,5 km do percurso, passámos a acompanhar a ribeira do Alvito envolvida por um manto de oliveiras em ambas as margens. Quando encontrámos um desvio para baixo, decidimos aceder à ribeira para fazer o nosso pic-nic. Foi uma excelente ideia que todos apreciámos pois este percurso, embora bastante bonito, está sempre bastante acima do nível do rio e da ribeira.




Terminámos a nossa caminhada em Carregais. Sem contar com o pic-nic e a um ritmo lento durou cerca de 3 horas. Podes regressar pelo mesmo caminho ou, antes de começares a caminhar, ires deixar um carro ao final do percurso. Há ainda uma possibilidade de continuares por outra PR que começa mesmo em Carregais. Não percas o Ocreza.

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