Desde final de 2008 que tenho colaborado mensalmente com a Sportlife. No Outside relato as minhas aventuras pelo nosso maravilhoso país e passarei também a partilhá-las convosco aqui. Às vezes colocarei aqui qualquer outro passeio que realize. Gostaria muito que me dessem a vossa opinião, se fizerem algum desses passeios ou simplesmente se vos der vontade disso. Digam-me que mais informações gostariam de ver publicadas nos nossos artigos.

Estarei à vossa disposição para qualquer dica extra que precisarem para fazer alguma destas aventuras ou outras.

Espero que gostem e se aventurem!

Filipe Palma

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dez 09 - A Pé pelo Gerês







Só quando caminhamos no meio de uma floresta de carvalhos é que sentimos a diferença que faz dum pinhal ou eucaliptal. As formas destas árvores, que outrora terão povoado todo o norte de Portugal, são graciosas, elegantes e diversas, nada monótonas. No Parque Nacional da Peneda-Gerês ainda podemos ser frequentemente envolvidos por bosques de carvalhos. Este parque, não sendo a maior área protegida do país (com 69592,5 hectares é a sexta), é o nosso único parque nacional. Abrange as serras da Peneda (mais a norte), do Soajo (mais a oeste), do Gerês (mais a sudeste) e a Amarela (encaixada entre a do Soajo e do Gerês) e os rios Lima, Homem e Cávado. Em serranias, antes habitadas pelo urso pardo e actualmente (ainda) pelo lobo e águia-real, as possibilidades de escolha para passeios na natureza são imensas e, por isso, uma visita aqui merece vários dias.







Neste início de Outono, com muito sabor a Verão, escolhemos a Serra do Gerês e fizemos vários percursos pedestres sendo o nosso eleito, o PR1, o Trilho da Cidade de Calcedónia. O trilho é maioritariamente exposto pelo que as vistas são sempre muito panorâmicas. Ao longo de todo o caminho vamos encontrando enormes blocos de granito, alguns deles com fracturas impressionantes e espectaculares. Neste trilho, à excepção das zonas mais baixas onde se encontram algumas passagens, abundantes em carvalhos e pilriteiros, a vegetação é rasteira, constituída especialmente por urze, tojos e fetos. No ponto mais alto, a 870 metros, encontra-se a justificação para a designação deste trilho, um povoado fortificado da Idade do Ferro de nome Calcedónia e presumivelmente de ocupação romana. Aqui e acolá, nalgumas zonas mais protegidas, alguns exemplares isolados de carvalhos são testemunhos das florestas anciãs. Este percurso magnífico é circular e tem início em Covide que, a 590 metros de altitude, é praticamente o ponto mais baixo do trilho. Seja qual for a opção de sentido, encontramos uma subida pela frente mas, pelo lado do Campo do Gerês na direcção do Tonel, a subida é mais suave. O percurso está bem sinalizado e, embora bastante desnivelado, é acessível a pessoas de perfil activo.







Tivemos especial sorte com a meteorologia pois, ao contrário do Outono, parecia um dia primaveril ou quase de Verão. No meio do percurso, bem alto na serra, encontrámos um pastor com cabras, uma visão de outros tempos mas aqui, ainda bem actual. Imaginamos este trilho espectacular em qualquer outra época do ano. Se for um dia muito quente de Verão, podemos sempre acabar com um mergulho refrescante em Vilarinho das Furnas ou numa das muitas cascatas e piscinas naturais da região. Se for Inverno, até podemos ter a sorte de estar nevado por perto tornando ainda mais especiais as vistas. E, nesse caso, podemos sempre ir tomar um belo banho, por vezes escaldante, às piscinas termais de Lobios, do outro lado da fronteira de Portela do Homem, a cerca de 6 km.






Se fores ao Gerês com tempo, considera também os PR’s 5 e 9, respectivamente o Trilho da Águia do Sarilhão (que passa na bonita albufeira de Vilarinho das Furnas) e o Trilho da Geira. Embora todos estes trilhos incluam uma parte da Geira, este último tem uma enorme secção desta via romana entre Braga e Astorga, em Espanha. Em cada milha existe uma marcação com um enorme cilindro em granito, um miliário, que geralmente tem inscrições gravadas em homenagem aos imperadores da época. Não só passeamos no meio da natureza como testemunhamos a história viva.

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