Desde final de 2008 que tenho colaborado mensalmente com a Sportlife. No Outside relato as minhas aventuras pelo nosso maravilhoso país e passarei também a partilhá-las convosco aqui. Às vezes colocarei aqui qualquer outro passeio que realize. Gostaria muito que me dessem a vossa opinião, se fizerem algum desses passeios ou simplesmente se vos der vontade disso. Digam-me que mais informações gostariam de ver publicadas nos nossos artigos.

Estarei à vossa disposição para qualquer dica extra que precisarem para fazer alguma destas aventuras ou outras.

Espero que gostem e se aventurem!

Filipe Palma

sexta-feira, 12 de março de 2010

Set 09 - Flores, a Pé pelas Fajãs







Foram os meus segundos 5 dias na ilha das Flores. Há 8 anos atrás estive aqui pela primeira vez com a minha irmã e as minhas três sobrinhas, na altura de 11, 10 e 8 anos. “Com as pequenitas também é possível” foi o meu relato na Bike Magazine sobre os nossos passeios de bicicleta nesta inclinada, pequena mas, por muitos considerada, a mais bela ilha açoriana. Foram das melhores férias de sempre. O ritmo nos Açores facilita (quase obriga) ao alheamento da vida acelerada do dia-a-dia e a beleza natural da mais ocidental ilha dos Açores é arrebatadora. Como noutros lugares por onde passei e que gostei muito, também aqui deixei coisas por fazer. Talvez seja um motivo para voltar ou talvez seja porque, cada vez mais, tenho mais vontade de viver bem e sem pressa.







Se, em Agosto de 2001, vim de malas em cima da bicicleta para pedalar, desta vez o objectivo principal foi caminhar. Há 4 percursos de pequena rota (PR) nas Flores e fiz três deles: do Lajedo à Fajã Grande, da Fajã Grande a Ponta Delgada e o da Fajã de Lopo Vaz (ida e volta). Os dois primeiros são os mais espectaculares e é difícil eleger um deles. No primeiro, destaco as aldeias do Lajedo e do Mosteiro com as suas casas de pedra vulcânica a salpicar a paisagem verdejante. Os campos de pasto e alguns milheirais interrompem a vegetação de espécies endémicas e introduzidas. A mais conhecida das espécies invasoras, a hortênsia, é hoje parte integrante da paisagem tornando-a tão característica como bonita. Nas Flores, está por todo o lado. Um livro de flora local (ver caixa) ajudou-me a ir idenficando as várias plantas, arbustos e árvores tornando a minha visita muito mais interessante. Ainda neste PR2 gostei muito da Rocha dos Bordões, um fenómeno geológico semelhante ao que ocorre na Giant’s Causeway, na Irlanda do Norte (ver Sportlife de Agosto). Esta rocha é uma enorme parede de colunas prismáticas em basalto que sobressai do imenso verde. O auge deste passeio foi a chegada ao cimo da Fajãzinha, avistando mais ao longe a Fajã Grande e todas as enormes cascatas que vêem do interior da ilha. Embora nesta direcção do percurso (Lajedo-Fajã Grande) tenhamos esta vista surpreendente e espectacular, o sentido inverso tem o aliciante de “bebermos” mais tempo a, também muito bonita, vista da aldeia do Mosteiro com a Rocha dos Bordões ao fundo.







O PR1 (Fajã Grande-Ponta Delgada) pode também ser feito nos dois sentidos. É por isso necessário assegurar o transfere para o início em Ponta Delgada ou, no final, a partir desta ponta da ilha. Se a nossa opção for o táxi é mais vantajoso começares em Ponta Delgada pois o condutor pode deixar-te mesmo no início do trilho. De contrário, no final, teremos que andar na estrada de asfalto até à vila onde poderemos chamar o táxi para nos recolher (do final do trilho até Ponta Delgada, como em todo o percurso, a rede de telemóvel é muito escassa). Este passeio alterna entre vistas desafogadas e túneis de vegetação muito fechados. As subidas e descidas acompanham as falésias. Nalguns pontos, olhamos para trás e conseguimos ver ao longe a ilha do Corvo. Por vezes, por entre as nuvens, esta ilha mais parece uma silhueta de um navio. Ao longo do caminho, atravessamos vários vales, alguns deles bastante cavados, onde correm riachos que, ao fundo, terminam em espectaculares cascatas sobre o mar. Alguns destes riachos vão formando lagoas onde nos podemos refrescar. Nas zonas mais altas e mais isoladas a vegetação é densa e, aqui, ainda se encontram alguns resquícios da Laurissilva, a floresta arbustiva original constituída essencialmente por Cedro do Mato, Urze e Louro. No caminho avistamos o ilhéu da Maria Vaz e o ilhéu de Monchique, a ponta mais ocidental da Europa. São vistas que enriquecem muito o nosso passeio. A aproximação à Fajã Grande é igualmente impressionante e, às vezes, quando olhamos pela beira do caminho, só vemos o mar e algumas rochas a dezenas (ou mesmo mais de uma centena) de metros abaixo e parece autenticamente uma vista aérea. Pela maior variedade e espectacularidade elejo este percurso como o prioritário nesta ilha ao qual corresponde o mapa neste artigo. Fica apenas uma reserva para o percurso que não fiz e que vem do interior da ilha, da zona das lagoas (Funda, Comprida, Seca e Branca). A fazer numa próxima oportunidade…




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