Há um ano atrás estivemos no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, a caminhar entre Almograve e o Cabo Sardão. O Outono é uma época óptima para passear em qualquer lugar de Portugal mas, no sudoeste, um calor ameno ainda faz lembrar o Verão, já sem as enchentes que caracterizam a sufocante época balnear. Os acessos às praias estão descongestionados, os restaurantes não têm pressa de servir atabalhoadamente, no ar sente-se espaço e tranquilidade.
Este ano fomos um pouco mais abaixo, até à Carrapateira. Ficámos no Monte da Vilarinha (ver caixa) e, a partir daqui, realizámos as nossas explorações. Não levámos quaisquer apetrechos de aventura: nem caiaques, nem bicicletas, nem pranchas, nem botas de caminhada. Após um verão logisticamente intenso, só queríamos descansar, corpo e mente. Mas sabemos que o nosso descanso é sempre um descanso activo.
E, quando chegámos ao vale paradisíaco onde se encaixa o Monte da Vilarinha, já as nossas mentes esvoaçavam por aquela natureza, senão selvagem, pelo menos remota e preservada. Felizmente, este espaço em turismo rural tem bicicletas disponíveis para os seus hóspedes. No dia seguinte, pela manhã, saímos do monte em direcção ao mar. Há um estradão que evita os montes íngremes em redor e faz a ligação à Carrapateira. A temperatura estava ideal para pedalar, nem muito quente nem muito frio. Primeiro, numa zona mais aberta e, depois, numa zona mais envolvida por árvores e arbustos, o caminho avança para oeste, ao longo da ribeira. Alguns campos cultivados alternam com pastos de cavalos; à volta, as encostas estão revestidas de sobreiros. Quando nos aproximamos do litoral a vegetação vai ficando cada vez mais rasteira, típica de zonas expostas aos ventos marítimos. Mesmo antes de chegar à Carrapateira fomos surpreendidos por um lago cheio de nenúfares. Cruzámos a estrada principal e continuámos na direcção da praia da Carrapateira. A estrada, neste ponto de alcatrão, sobe um pouco e começa a percorrer a falésia. As vistas para norte, em dias de boa visibilidade, alcançam a praia da Arrifana.
O asfalto dá novamente lugar à terra e o estradão inflecte para sul na direcção da praia do Amado. A costa, muito bonita, é recortada e tem alguns ilhéus prometendo um bom passeio de caiaque, numa outra ocasião. No caminho, encontramos o Sitio do Forno, um restaurante estrategicamente bem localizado com uma excelente vista sobre o mar. E com um menu tentador para quem estava na hora do almoço, depois de já termos pedalado 10 kms.
A seguir ao petisco continuámos pelo caminho costeiro até à praia do Amado. Uma legião de estrangeiros, com fatos e pranchas de surf debaixo do braço e agrupados por escolas de surf, fazem-nos esquecer, por momentos, que estamos já fora da “época” embora esta seja apenas uma nova realidade desta costa - um destino internacional para novatos e especialistas de surf.
O regresso pode ser feito pelo mesmo caminho ou continuando a estrada circular até encontrarmos novamente o povoado da Carrapateira. À volta, há um mundo de natureza para explorar, quer seja para caminhar, para andar de bicicleta e navegar de caiaque.

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